domingo, 18 de novembro de 2012

Rio adota tecnologia para ensinar matemática


Rio adota tecnologia para ensinar matemática
Direcionado ao ensino médio, programa que utiliza jogos eletrônicos chega primeiro às escolas da rede Sesi/Senai

Os alunos do Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, na favela Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, vão se tornar heróis intergalácticos. Entre uma aula de matemática e outra, defenderão a Terra de meteoros mortais e invasões alienígenas, usando equações, fatoração e outros cálculos.
A turma participa do projeto que acaba de ser implementado para melhorar a qualidade do ensino de matemática nas escolas: a utilização de games e outros recursos tecnológicos para motivar alunos e professores. Voltado para o ensino médio, o programa chega primeiro às escolas do Sesi/Senai e na rede pública estadual do Rio de Janeiro. Também estará disponível para escolas e professores de todo o Brasil.
A novidade atraiu o estudante Igor da Silva, de 16 anos, que adora videogame e no futuro pretende ser criador de jogos. "Achei que ficou muito mais fácil de aprender."
Cada aluno recebe um login e senha e assim pode jogar também em casa.
A estudante Thaiza Soares de Oliveira, de 16 anos, que adora a matéria e pretende ser engenheira, vai aproveitar para mostrar os jogos ao irmão mais novo, de 8 anos. "São maneiras diferentes de aprendizagem, que chamam a nossa atenção e nos divertem bastante."
Cada tema de matemática possui, em média, cinco jogos. É possível, por exemplo, aprender função quadrática para salvar náufragos no Retângulo das Bermudas, ou ainda aplicar regras básicas dos ângulos e teoremas da circunferência para ajudar uma aranha a tecer sua teia, e calcular porcentagens para que pinguins consigam atravessar um mar de icebergs flutuantes.
No total, são mais de 40 mil questões sobre a disciplina, desenvolvidas pela Mangahigh, empresa fundada por Marcus du Sautoy, professor de matemática da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Para o professor Marcus Antônio de Oliveira, o método vai garantir maior envolvimento dos seus alunos, que chegam ao ensino médio com uma grande defasagem até em cálculos simples, como a multiplicação.
"Tem como eu consertar isso apenas dando a matéria? Não. Então eu consigo atraí-los pelos jogos", afirma Oliveira. Aproveitando a onda digital, o professor está montando um blog em parceria com os alunos, com seções para resolver problemas, tirar dúvidas e levar a matemática para as práticas cotidianas dos estudantes.
Melhor desempenho. A expectativa é que iniciativas como essa possam ajudar a reverter o baixo desempenho escolar na matéria em todo o País. O Brasil ocupa a 53.ª posição no ranking de matemática do último exame do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado em 2009.
"A dificuldade com a disciplina interfere no raciocínio lógico e é uma deficiência que vai subtrair dessas pessoas a oportunidade de ascensão profissional", afirma Eduardo Gouveia Vieira, presidente da Federação das Indústrias do Rio (Firjan).
Uma pesquisa realizada pela entidade no ano passado com 600 indústrias mostrou que 90% das empresas enfrentam dificuldades para encontrar profissionais que tenham capacidades como a de resolver problemas, assimilar conteúdo e observar e interpretar dados, aptidões que podem ser adquiridas com o desenvolvimento das habilidades matemáticas.
O programa Sesi Matemática é apoiado pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e pela Firjan, que está investindo cerca de R$ 10 milhões no projeto.
Além de oferecer kits de matemática, acesso aos jogos e formação continuada de professores, o investimento vai permitir a construção da Casa Sesi Matemática, na Barra da Tijuca, uma espécie de museu que vai explorar o tema de forma lúdica e interativa, com inauguração prevista para 2014.

Notícia publicada no dia 28 de setembro de 2012 por Heloísa Aruth Sturm. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,rio-adota-tecnologia-para-ensinar-matematica-,936963,0.htm.

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